Dia Mundial da Limpeza: uns vivem do que deitam, outros do que recolhem



Triiiiiiiimmmm, o despertador do telemóvel toca, alertando que já são 05h00, tempo de acordar e preparar-se para mais um dia de trabalho pelas ruas da cidade de Maputo.
Mukavel veste uma farda manchada com fluídos de óleo, mas nela destaca-se a cor acinzentada no casaco e nas calças. As botas têm alguns furos na parte frontal. Ele Despede-se da esposa, dos quatro filhos.  
Sai de Boquisso e vai até Malanga, local do seu trabalho de recolha do lixo nas casas e deitar em contentores que se encontram nas proximidades daquele bairro periférico.  
E já la se vão quatro anos que Mukavel ganha com o que outros perdem, o lixo. Aliás, quanto mais lixo as pessoas deitam, mais ele recolhe e, consequentemente, mais ele recebe das 10 patroas diárias para as quais trabalha.     
“As senhoras de casa quando eu recolho o lixo pagam-me”, revela Mukavel, com cerca de 50 anos de vida. Revela também que a remuneração varia de 70 a cerca de 300 meticais/dia.
“Depende do trabalho… Pode ter muito ou pouco lixo. Depende do trabalho”, explicou Mukavel na rápida entrevista ao “O País”, durante umas de suas idas e vindas ao contentor de lixo.
Quem também esta dependente da quantidade, mas apenas de latas, em regra de refrigerantes e algumas de cervejas, é Romão. Encontramo-lo no mesmo local onde Mukavel deitava o lixo.
“Eu trabalho em qualquer dia porque quando apanho (uma lata) levo para juntar em sacos e depois vou pesar”, explicou o interlocutor, depois de vasculhar mais latas no contentor de lixo.
Depois de pesar vem os lucros, muitas vezes, não como desejado porque por cada quilo de latas Romão recebe 20 meticais. “Nem sempre consigo juntar muitas latas, por isso, trabalho também como gai-gai (carregador de trouxas)”.   
Depende de Romão ajudar na reutilização do lixo, depende de Mukavel recolher o lixo nas casas, mas depende da consciência de cada cidadão manter a sociedade limpa e cada vez mais higiénica.
“Existe a necessidade de se sensibilizar a nossa sociedade para a colecta, segregação e encaminhamento dos resíduos sólidos”, considerou Francisco Sitóe, um voluntário ligado à limpeza da cidade de Maputo. 
Sitóe, activista pelo ambiente, acrescentou que, “infelizmente, muitos de nós temos o mau hábito de deitar tudo no chão e eu acredito que é por falta de sensibilização”.    
Com réplicas pelo mundo inteiro, protegidos com materiais como luvas e botas, cerca de 34 jovens, incluindo Francisco Sitóe, limparam, sábado, parte da cidade de Maputo, no contexto do World Clean up Day, ou simplesmente Dia Mundial da Limpeza, não só pela higiene, mas também pela consciencialização social.

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